Alterei toda a programação semanal do blog por achar necessário tocar em todas as feridas. Não que ache que seja uma obrigação fazê-lo porque não o é. É um dever. A minha estada pelo mundo digital sempre foi pautada por querer quebrar tabus e por mostrar um outro lado da vida. Sempre quis desmistificar e, a meu ver, todos saímos a ganhar se deixarmos de ter duas palas à frente dos olhos.

A nossa sociedade está doente. A Humanidade é exacerbadamente tóxica. Tão tóxica que é capaz de tirar vidas "por dá cá aquela palha!". Para quem pensou que não tocaria no assunto, não me conhece, garantidamente. Precisei, contudo, de escolher bem as palavras e tudo aquilo que escrevo. Continuo em choque com a quantidade de imagens que nos assombram pelas redes sociais. Dói-me a alma de imaginar a quantidade de pessoas que é capaz de fazer mal a outrem só porque vestem uma cor diferente, só porque elevam uma bandeira que lhes dá orgulho. Só porque lutam por ideais diferentes.

Falar sobre este assunto comove-me. Senti na pele, por várias vezes, o apontar do dedo. O quererem-me mostrar que sou diferente e que, no fundo, não lhes pertenço. Por consequência, os meus amigos mais próximos, sentiram o mesmo comigo. Defenderam-me mais do que eu me defendi a mim. E isso é triste. É triste perceber que só o facto de parecer ser diferente incomoda os demais e que lhes aguça o gozo e a vontade de guerra. Tal como aconteceu numa semana aleatória de um ano que está, por si só, a ser caótico. Todo este barulho é ensurdecedor... mas é tão necessário.

Repito: a sociedade está doente. A Humanidade é tóxica. Mas, até quando?! Até que todos passamos por situações tão atroz quanto a do George?! Não há palavras que possam qualificar ou quantificar tamanha atrocidade. Não há, sequer, uma forma de desculpabilizar a situação. Não há. Nem nunca há-de haver! Onde é que já se viu isto?! Digam-me! Onde é que se aprende que, o que realmente importa, são os valores morais?! Onde cabe a falta de intolerância?! Não há espaço.

Tenho-me debatido com tudo isto e não consigo encontrar resposta para tanta pergunta. Tanta pergunta retórica, desnecessária e desprovida de resposta... até porque há coisas que não precisam de qualquer que seja a justificação plausível. Porque não as há. Não há justificação para o ódio. Nem pode haver. Não há justificação para a morte. Nem podem haver. Não há justificação para uma sociedade onde o dinheiro, a cultura, a política, os ideais, o que quer que seja, dão lugar a isto. Nem pode haver.

Quando é que todos percebemos que, quem pode mudar o mundo, somos nós?! Quando é que cada um aprende o quão necessário é termos, cada vez mais, voz ativa?! Chega! Basta! Não há necessidade alguma de sermos extremistas nem, tão pouco, preferirmos a guerra ao invés do amor. Não há necessidade de pagar na mesma moeda. Mas há, acima de tudo, uma necessidade maior de nos começarmos a pôr na pele do outro. Em todas as situações. O mundo está sedento de Pessoas. A Humanidade precisa de Pessoas. O mundo precisa de Pessoas.

Até porque a vida é feita de Pessoas. As mentalidades precisam de ser mudadas. As leis precisam de ser mudadas. O mundo precisa de uma reviravolta. É necessária a empatia. É necessário darmos as mãos. É necessários que sejamos todos uns pelos outros. Afinal de contas, viemos ao mundo da mesma forma e reserva-nos o mesmo destino. Durante esse intermédio de tempo só vestimos cores diferentes. E não há mal nenhum nisso. Porque somos Homens, carregados de sonhos, porque queremos todos viver da mesma forma. Porque precisamos todos da mesma liberdade. Porque, se nos unirmos, a vida é muito melhor. Até lá: chega!!! Até lá e, infelizmente, somos obrigados a abrir os olhos desta forma tão medonha e tão sem-explicação!