Sem que a Ansiedade Tome Conta

by - 26.3.20


Quem por cá está desde início, certamente já se perguntou pelos meus níveis de ansiedade. Como é que eu tenho gerido, interiormente, toda esta situação e de que maneira me vejo livre da tão desesperante ansiedade. Ao, quase, 15º dia tive a minha primeira crise. Algo ligeira. Até então, esteve sempre tudo bastante pacífico... ao ponto de, eu próprio, estar desconfiado da minha reação.
Por norma, sou uma pessoa pacata. Fui controlando a minha ansiedade consoante fui fazendo a minha própria terapia, ao longo de todo este tempo. Não me recordo, de todo, de ter tido uma crise ou ataque de ansiedade nos últimos e largos meses. Sempre lidei bem com o facto de me sentir mais ansioso e também sabia quando haveria de colocar o pé no travão, de maneira a que, estas crises, não despoletassem ataques de pânico que são, efetivamente, o pânico. É a falta de ar. É o nó na garganta. É o choro compulsivo. Sou grato pelo facto de ter passado por isso somente no início do meu processo.


Sou de gémeos e, como tal, sou pessoa de ideias. Quero tudo para ontem e, esse, é um dos entraves na minha vida... mesmo sabendo que me dá um boost de energia quando mais preciso. Se por um lado me faz querer muito que as coisas aconteçam, por outro também sabe que tudo acontece no tempo certo. Na tal altura certa de que sempre falei e que, genuinamente, acredito que exista. A quarentena, no caso, mostrou-me um lado criativo meu, no qual me foco diariamente, mas fez-me e faz-me estar mais parado, sem dispersar, sem poder ir apanhar aquele ar que me, parecendo que não, trazia as ideias até mim. Ontem, no caso, foi um dia em que senti que estava a ser consumido por algo que já não vivia há muito tempo. A ansiedade lembrou-se de me bater à porta. Sem que a tivesse chamado para tomar café... e numa altura em que é preciso o isolamento social. Já viram a lata?


Depois de toda esta lenga-lenga, estão vocês a perguntar-se como é que, afinal, eu deixo que a ansiedade não tome conta de mim neste tempo de crise... As respostas são parcas. Inicialmente deixei de ver notícias, por sentir que acumulavam em mim uma energia negativa. Não quero saber números por achar que não preciso deles para estar protegido. Para isso, bastam-me tomar todas as precauções que já foram ditas um sem-fim de vezes. Passei a fazer exercício que também me distrai. Passei a construir novos projetos e a dar voz a coisas que estavam paradas. Comecei a ler, também. No geral, tentei distrair-me com o que a minha casa e o meu trabalho digital me permitem. Sem grandes regras. Sem grandes rotinas. Deixar as coisa fluir naturalmente e, esperando, que o tempo certo esteja mais perto do que aquilo que achamos... como se, no dia seguinte, acordássemos de todo este pesadelo.


Ontem vacilei e valeu-me a cama para me fazer restabelecer os pensamentos. Talvez tivesse estado, todo este tempo, envolto em tantas preocupações que deixei de me ouvir. Precisei do dia para mim, para arrumar umas quantas gavetas... e o tão necessário que é todo este exercício mental. No fundo, a ansiedade toma conta, quando não nos ouvimos. Todos precisamos do nosso tempo de reflexão e de nos fazer ver, por A mais B, o que se pode fazer, o que podemos acrescentar. Neste momento, e dadas as circunstâncias, temos uma responsabilidade acrescida, mas não podemos acarretar com essa dor nas costas. Bastou-me olhar para toda esta calamidade como um copo meio-cheio que, logo aí, rejuvenesci. Afinal de contas, está a dar-nos tempo de refletir... e tão bom que pode ser. Peguei na oportunidade de "ter tempo", e fiz-me à vida. Ainda que atrasado, peguei na minha lista de tarefas, e fiz. Depois disso, o tempo voou. 

#VamosTodosFicarBem

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