E Depois do Apocalipse?

by - 17.3.20

Estamos longe de que este pesadelo tenha fim e, julgo, que nem a meio vamos. Os dias custam cada vez mais a passar e nunca um dia teve tantas horas juntas. Hoje consigo perceber o quão complicado é, a nível social, vivermos em forma de clausura. Uma clausura forçada mas que, a seu tempo, nos mostrará um lado novo da vida. 
Este tempo ao qual me tenho entregue tem dado, acima de tudo, para cuidar do meu mindset e, consequentemente, para refletir. Muito se ouve falar acerca do egoísmo das pessoas, da falta de compaixão, da falta de compreensão e de todo um rol de coisas que me levam a crer que nasci numa sociedade que olha só, e tão somente, para o seu umbigo numa busca incessante por algo que nem elas próprias sabem. É a busca incessante aos supermercados, com o intento de que nada lhes falta, é o bater de palmas aos que, de forma nobre, lutam mais que nós mas, de resto - a entrega ao outro, o esticar a mão (ainda que de forma metafórica) -, é nula.


Mas... e depois do Apocalipse? Vamos todos sair à rua de forma desenfreada e passar um pano sobre aquilo que nos está a acontecer? Vamos todos continuar sem compaixão uns pelos outros? Vamos todos achar que fomos salvos ou que, ainda, estamos a salvo? Vamos continuar a não ter compaixão pelos demais e vamos continuar a olhar para o nosso umbigo como se fossemos os últimos grãos de areia no deserto? Precisamos de nos consciencializar de que somos parte integrante de uma sociedade e que, como tal, precisamos de unir forças. Mais do que nunca. Contudo e, para isso, é preciso que as mentalidades mudem.


Recuando atrás no tempo, estas fotografias datam dos dias bonitos da ModaLisboa. Num look street style, com algumas peças que roçam o estilo vintage, fotografado num qualquer beco perto do Campo de Santa Clara, em Lisboa. Voltava à cidade das 7 Colinas em breve, e tivemos de adiar todos os planos para que, depois disto, possamos aproveitar mais. E a verdade tem mesmo de ser esta: espero que depois de toda esta calamidade, consigamos tirar mais partido da vida e da forma como a vivemos. Está a ser-nos dada a oportunidade de nos precavermos e de aproveitarmos este isolamento como forma de traçar planos e estratégias mesmo que, a médio prazo.


Do pouco que tenho presenciado e das minhas raras saídas à rua para ajudar a minha mãe, as pessoas olham-se com medo. Umas usam máscaras como prevenção mas esquecem-se de lavar as mãos. Outras, baixam o olhar como se o contacto visual fosse transmissor deste vírus que revolucionou a nossa vida. Eu, de todos os cuidados possíveis e imaginários que posso ter, continuo a olhá-las como sempre o fiz. Parece que estou a viver um pesadelo. Parece que as pessoas, com tudo isto, perderam a fé. Vamos manter a calma. Estamos todos no mesmo barco, estamos todos sem chão, e é esta compaixão que falta...

Sunnies: Dior; Jacket: Destralhar em Bom by Pedro Crispim; Shirt: no brand; Scarf and Bag: Parfois; Jeans: Local Fair; Boots: HeartCore Vintage Store.
O que mais me custa é ter perdido a minha rotina. A de ir ao café. A de estar rodeado dos meus amigos. A de poder sentar-me à mesa com toda a minha família. Mas, com isto, ganhei uma visão diferente das coisas. Passei a dar mais valor aos que perguntam como está tudo a correr (mesmo aqueles que são de longe), passei a dar valor à vídeo-chamadas e ao apreço que me vai chegando através das redes. Tenho o coração apertado de saudade, sim. Mas, e então?! Não há outro remédio senão esperar por dias de luz melhores e aguentar... e certamente darei um valor maior quando estivermos todos salvaguardados e estivermos novamente juntos.


Mesmo que pareça saído de um cenário western, senti que este seria O casaco a usar no primeiro dia. Grita moda. Grita personalidade e tudo aquilo que lhe está inerente. Usei com uma peça clean por baixo, no caso, uma camisa oversized branca que era do meu traje académico. Coloquei um lenço ao pescoço - por achar que precisava de um toque trendy -, e uns óculos de sol verdes porque também não vivo sem peças que falem por si. Por norma, não uso tanta informação junta, mas achei que, para o dia e para a altura, tudo acabou por funcionar de forma muito harmoniosa.


Não vamos perder a fé na humanidade nem em tudo o que ela envolve. Estamos todos vulneráveis e, talvez, esta seja a fase ideal para nos darmos mais ao outro. Ouvia, durante este início da semana, um podcast que me dava conta de que desperdiçamos muito tempo sem darmos valor ao outro; sem dizer que gostamos; sem agradecermos e sem pedirmos desculpas. Durante este período, é tempo de mostrar que o amor é à prova do Corona e que podemos sentir alívio com isso. Não precisamos de abraçar, beijar ou estar presentes para mostrar o quanto somos privilegiados por estarmos rodeados de quem gostamos, portanto, façamos a nossa parte em relação a isso.


Se esta mala não foi o hit de todo o look, então não sei (risos). Eu próprio fiquei apaixonado pela forma como resultou e como deu uma maior harmonia ao que, hipoteticamente, teria tudo para ser coordenado mais virado para um filme saído do Texas. O pop mais classy com uma mala estruturada, num tom creme, foi o meu detalhe favorito e sem dúvida que vai ser das peças mais usadas nesta altura, ou não fossem as micro/minimal bags o statement da estação.


A última frase que o Crispim publicou no instagram, traduz toda esta fase: "There's a blessing in the Storm". O sol vai voltar a brilhar. Nós não vamos desistir... até porque os grandes vencedores sempre estiveram presentes nas grandes batalhas. O nosso foco, agora, é termos o máximo de cuidado para que, muito em breve, possamos acordar do pesadelo e voltarmos à realidade. Com uma maior compaixão e com uma maior vontade de viver toda esta liberdade que, por uma boa causa, nos está a ser condicionada. 
Vai dar tudo certo!

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