O Lado Certo

by - 23.1.20


Era terça-feira. O dia de trabalho tinha, finalmente, chegado ao fim. Entrei em casa com o intuito de me colar ao computador e pôr em dias os artigos no blog que me estavam em falta. Esta foi uma semana conturbada - no bom sentido da coisa -, pelo que não havia tido tempo de me sentar de forma convenientemente para escrever todas as ideias que fervilham na minha cabeça. 
Tive tempo de ligar o computador e de me lançar à pesquisa. Ia (na altura), e irei falar assim que possa de uma tendência. Adiantei a parte digital do post, que no fundo me dá mais trabalho. Nisto, o telefone toca. Olho de esguelha para o telemóvel que estava do meu lado. Era um dois-um qualquer coisa. Inicialmente, pensei que fosse de uma companhia de seguros qualquer, que me pudesse querer fazer de plano de saúde, ou coisa que o valha. Depois, pensei que fosse um número de um qualquer sítio para o qual enviei o meu currículo. Atendi meio que à pressa porque o meu raciocínio lento fez com que o telemóvel vibrasse mais do que duas vezes. Nisto: "Olá Miguel! Fala da TVI, como estás?!". Só tive tempo de engolir em seco e saudar quem, no outro lado, me recebeu tão bem.



O convite para ir ao A Tarde É Sua, com a Fátima Lopes surgiu meio que inesperado e com zero tempo de me preparar. A minha resposta foi prontamente positiva. Afinal, iria voltar a tocar na ferida. "Outra vez?!", como pensou grande parte das pessoas. Sim. Outra vez. De novo. A ferida está sarada, precisamente por ter tocado tantas vezes nela... e creio que a maior parte das pessoas não sara ou não arquiva as gavetas desorganizadas da vida, porque não insiste nas mesmas. Entretanto ligo à Nídia que se desdobra em esforços para que eu possa, ainda mais, conseguir o melhor para mim. A produção liga de volta para mais umas quantas questões acerca da temática, de modo a fazerem chegar o maior número de informações à Fátima. Ligo à Tixa. Ligo à Helena. Ligo à minha Tia Isabel. Isto, num curto espaço de tempo e sem perceber muito bem o que vestir.


Acho que ninguém percebe muito bem a luta que foi para encontrar um puffy em condições, tal como este. Nossa Senhora!!! Encontrei-o, muito por acaso, na Pull and Bear do Outlet de Vila do Conde aqui há tempos. Mal o vi, achei que era a minha cara e estava a borrifar-me solenemente para o facto de ser da secção de Mulher. Um casaco acolchocado é um casaco acolchoado. Ponto. Tom neutro, fitting correto e o formato que eu queria. Os 19€ que dei por ele já foram mais do que pagos e não tenho dúvidas de que, este, é dos casacos mais quentes que tenho.


Senti, ao telefone com a Joana, da produção, que as perguntas que me fazia eram mais coesas, mais sólidas. Não que as restantes perguntas das entrevistas que já dei não o tivessem sido. Todas à sua maneira. Mas, estas, ligavam mais à parte prática do problema. O tal encontrar a solução. Intrinsecamente ligada aos sonhos e ao querer fazer. Mal sabia eu que tudo aquilo que estavam a alinhavar, desse aso a mais um reencontro. Respondi prontamente a tudo e, meio que inebriado e com todo o trabalho parado, decidi focar-me no meu styling. Queria algo muito soft. Tons neutros. Poucos floreados. O blazer que tinha encontrado nos saldos seria o ideal para a situação e sem dúvida que, blazers, são a minha imagem de marca.


Falei à Cláudia e ao Josué. Os meus de Lisboa. Alinhavei as coisas e o Josué encontrou-se comigo no Oriente para que pudéssemos dividir mais uma aventura. Seguimos de Táxi e pusemos a conversa em dia. Certamente sentiu-me nervoso, mas também sabia que estava feliz. Já na TVI, os nervos começaram a querer apoderar-se de mim. Estive com a querida Catarina Canelas que nos deu conta dos cantos à casa e quase estragou a surpresa final, sem se dar conta (risos). O tempo voou desde que entrei na sala de maquilhagem, seguido do cabelo. Quando dei por mim estava a fazer o teste de imagem que comprovou que não podia levar o tal casaco que havia estipulado levar. E, por excesso de zelo, não levei mais opções nenhumas como sempre faço! Valeu-me o blusão do Josué, que fez um vistaço e que mostrou um outro lado meu!!


Fazia tempo que não vestia o macacão que tanto furor fez na altura do verão! E é estranho deixar uma peça tão versátil e tão prática, parada no meio do roupeiro!!! Voltei a usá-lo numa versão muito minha. Muito vocacionada no estilo de rua e a dar aso ao meu lado mais descontraído. Uma mala de cintura, marcada pelas férias da Iara no México, para dar forma ao meu corpo. Não achei, de todo, que fizesse muito barulho visual. Aliás, deu um ar mais colorido e mais transversal ao look. Além disso, prima por ser excessivamente prática.


Teste de imagem feito. Microfone de lapela posto e meio dúzia de minutos à conversa com a simpática Fátima antes do direto. Começa a contagem decrescente e sentam-me no sofá. A conversa começa. Sinto que embarguei a voz por diversas vezes ao mesmo tempo que ia sentindo mais leve. Revivi alguns dos meus mais duros momentos. E tenho ideia de sorrir durante grande parte da entrevista. Chegámos à parte dos sonhos e do futuro... e a Joana, que me tinha encontrado no refeitório da TVI, disse-me para me focar nisso. Nesta altura fiquei baralhado. Tocou no assunto do Pedro Crispim que há-de ser, sempre, O assunto do volte-face da minha vida. Nisto, vejo o Pedro entrar e levo as mãos à cabeça. Como sempre, recebeu-me de braços abertos porque o Pedro é assim. É do toque. É de dar a mão. É de partilha. É a pessoa dos olhos que brilham e que falam por si mesmos.


A conversa desenrolou durante quase uma hora e, nessa hora, tive a certeza de que a minha vida estava voltada para o lado certo. O lado certo que me levou em busca dos sonhos e das coisas certas. As pessoas certas que me cercam. O lado certo que me dá vontade de levantar voo o quanto antes. O tal lado que, ao longo de toda esta jornada, me deu a conhecer o meu verdadeiro eu. Deu-me a conhecer mais. Mostrou que eu era auto-capaz e auto-suficiente. Mostrou o quão vale a pena lutar e o quão importante podem ser as quedas que vamos dando pelo caminho.


Estou obsessed por estes óculos e por usar meias que falam por si. Sou cada vez mais fã de detalhes pequenos que compõem os looks. Sejam eles meias, os meus anéis de sempre, os meus colares, as minhas malas. Acessórios são acessórios e, quando bem usados, em looks que pouco ou nada falam, revelam tornar o coordenado muito pensado, sem que se tenha perdido tempo. Apostem em misturas e deixem o medo dentro daquele gavetão fundo.


Saímos do plateou para o café da estação falar sobre o que aí vem. O tempo passou demasiado a correr para o meu gosto e o dia tinha chegado ao fim. Já havia anoitecido e, nessa mesma altura, tinha de voltar. Chegou o Táxi e por pouco tempo não perdia o autocarro. A viagem foi custosa. Não pela despedida, mas por sentir - uma e outra vez -, que é em Lisboa que está tudo e onde continuam os sonhos. Se me podia mudar já?! Podia, sim. Mas preciso de ser consciente. Não tenho dúvidas de que o tempo vai conspirar a meu favor e que, na altura certa, o processo irá acontecer.


Vi-me em casa já depois da meia noite. O telemóvel estava atolado de carinho. De palavras de apoio. De amor. De tudo aquilo que eu precisei para perceber, de novo e em forma de beliscão, que estava no lado certo e que a frase da Fátima "ainda vamos ouvir falar muito de ti!", poderia começar a fazer mais sentido. Respondi a tudo e distribuí todo esse amor. Fechei os olhos, revivi tudo e dormir como se ainda estivesse dentro deste tão real sonho!!! 

Agora, sem grandes palavras e só com o maior obrigado de sempre no coração, vou subir as escadas a correr para fazer a mala. Parto de viagem amanhã, a primeira com o meu primo, para um destino que me vai dar muito gozo conhecer. Será um fim-de-semana em grande e prometo partilhar tudo através do instagram
Até já!

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