É mais do que evidente que vivemos uma das épocas mais conturbadas de sempre e, por essa mesma razão, há uma necessidade maior de fazer uma gestão de prioridades. A Moda, mais do que qualquer outra área considerada "de menor prioridade", sofre com isso. Ainda assim, isto não significa que tenhamos de a colocar de parte. Muito pelo contrário.

O mundo da moda tal como o mundo da beleza pode ser um escape a toda esta situação que nos fez ver a vida de uma outra forma. Muita gente ficou desempregada e, outros tantos, tiveram de apertar o cinto. É legítimo. A Pandemia, por outro lado, fez com que muita gente perdesse o rumo e entrasse num loop mental, em que nada faz sentido. Recordo que, há uns anos, quando a depressão bateu à porta, foi o foco neste mundo - considerado fútil para muita gente -, que me livrou do pior. Por essa mesma razão, e tendo em conta que, a moda e a beleza nos ajudam a sentir mais confiantes, não devemos deixar de apostar neles.

Tal como referi vezes e vezes sem conta, hoje em dia vejo a moda de forma diferente. Estou muito mais consciente e muito mais pés no chão. No fundo, e dadas todas as voltas que a vida dá, aprendi a ser muito mais racional. Não que alguma vez tivesse sido consumista máximo, porque nunca o fui. Mas, por muito que gostasse de moda, deixei de comprar as peças mais in, tendência, que A, B, C ou D usa para passar a comprar peças que serão usáveis hoje, amanhã, na próxima estação e no próximo ano.

O facto de ter ficado sem trabalho na Pandemia melindrou-me. Contudo, procurei focar-me na resolução do problema e nunca vê-lo como o "fim". O mindset de "tenho de comprar isto" passou para "de que forma vou comprar" e "será que preciso". Depois de muito pensar, acabava por perceber que, efetivamente, não precisava da peça X. Mas, calma. Porque isto não veio do pé para a mão. Fui encontrando soluções para apostarmos numa Moda Sustentável na Pandemia que quero partilhar convosco agora e que tenho vindo a partilhar, há algum tempo, no meu instagram.

Óculos de sol: Bershka; T-shirt: Strong Oficial; Puffy Jacket: Pull and Bear; Calças: Primark; Botas: Sapataria local; Mala: Parfois

A primeira coisa que fiz - e creio que seja a mais sensata de todas -, foi um closet cleaning. Retirar toda a roupa do roupeiro, perceber o que serve, o que não serve, o que já está parado há muito tempo. É um processo que leva algum tempo mas que nos vai ser bastante útil no futuro e naqueles dias em que não sabemos o que vestir. Estaria a mentir se vos dissesse que não é um processo custoso, porque é. Eu, pelo menos, tinha muita dificuldade em me desprender de muitas peças só porque achava piada ao facto de ter muita quantidade que, em nada, fazia sentido. Escolhi o que queria dar, às pessoas mais próximas, e o que faria sentido vender. Daí, criei o Closet do Miguel e, felizmente, consegui dar uma nova casa às minhas peças.

De início pode parecer complicado mas, primeiro, têm de fazer um jogo mental que é: não importa se as pessoas pensam que vocês estão sempre a vestir o mesmo, porque até podem nem estar. Depois, misturar tons neutros, é muito mais simples do que pegar numa peça tendência - a última que a Zara lançou, sabem?! -, e misturá-la com peças que vocês tenham em casa. Depois, conseguem misturar mais estilos se tiverem as peças certas. Com tudo isto, vão deixar de ser dependentes de roupa mas vão conseguir tomar mais gosto em arriscar com o que têm!

Muito em breve vou criar uma publicação só com as peças básicas que têm, obrigatoriamente, de ter para que o vosso estilo/closet se torne mais sustentável!