São 8 da manhã e estou acordado desde as 6. Na boa verdade, foi das piores noites que tive a nível de descanso. Ontem, foi a última aula no Atelier Stling Project by Pedro Crispim, o que fez com que, durante toda esta noite, na minha mente apenas fervilhassem ideias. Aliado a isso, e mesmo que tenhamos tido feito um (dos muitos) trabalhos de introspeção na aula, senti que precisava do meu tempo para refeltir sobre tudo isto que tem acontecido. 

Estar em Lisboa desde Maio, todas as semanas, foi um dos maiores desafios da minha vida e isso é inegável. Moldou-me. Fez-me crescer. Mostrou-me o lado mais colorido da vida. Fez com que ganhasse maior responsabilidade e deu-me a conhecer (ainda mais), o quão capaz consigo ser. Na grande maioria das vezes são precisos desafios e é preciso uma predisposição enorme para que possamos conhecer os nossos limites. Creio que os testei, a todos, durante toda esta jornada. A tal jornada que me fez acreditar (tanto, tanto!), no poder dos sonhos.

Sempre quis sair da cidade onde estou mas, incrivelmente, nunca foi um sonho querer ficar por Lisboa. Hoje é. Aprendi a dar valor à cidade das oportunidades e à cidade que, efetivamente, emana uma luz e uma energia do tamanho dos meus sonhos. Hoje, não me vejo a sair daqui. Cheguei sozinho, é um facto, mas tenho em mim algo que me diz que aqui pertenço. Talvez pela vida que ela tem ou talvez por sempre ter estado rodeado por pessoas que me deram a mão como os meus amigos me dão "lá para os lados de Viseu". O melhor que Lisboa me deu foi precisamente isso: pessoas.

"Comassim, Miguel?! Estás de sweat!", se eu não visse também não me acreditaria (risos). Mas é um facto. Adorei assim que a vi na minha cabeleireira e não hesitei em pedi-la para fotografar. Entregou-ma no dia seguinte e não descansei enquanto não tive a minha própria. Sou zero ligado a sweats mas a verdade é que esta me encheu, e ainda enche, totalmente as medidas. Cinza desgastado, da Disney, num estilo oversized. Consegui já vesti-la das mais diversas formas e sei que vai ser das peças que vou usar non stop por me identificar tanto.

Em relação ao curso em si: levo a minha bagagem repleta. Os conteúdos são interessantes, muito úteis na grande maioria. Correspondeu às minhas expectativas no sentido em que nos foi possível aproveitar não só a vertente teórica à vertente prática. O Pedro, como referi de início, é uma pessoa com os pés no chão e com o coração no lado certo. Ouve-nos como ninguém e acarreta as dicas para que o Atelier, que viu nascer grandes nomes ligados ao stying português, seja ainda mais completo. Não me arrependo, de todo, dos esforços que fiz e do desgaste mental e físico que foram estes meses. No fundo, ingressar neste curso, sempre foi um dos meus maiores sonhos... senão o maior.

Sou uma pessoa demasiado saudosista e já ando a sofrer com a despedida há algum tempo. Não quis, de todo, admitir que vou deixar de vir regularmente; que vou ter de arrumar a minha mala; que não vou ter de desdobrar (ainda mais), o meu tempo. Mas eu confio no tempo. Sei, perfeitamente, que a vida vai dar muitas voltas e que, mais cedo ou mais tarde, se encarregará de me colocar aqui, de novo, seja por que circunstância for. Melhor que ninguém percebeu o quão positivo tudo isto foi e o quão realizado me sinto. O quão feliz fui. O quão cresci. O quão de bagagem carregada saio daqui. A vida... a vida sabia que eu precisava mesmo disto.

Hm hm... I did it twice. Senti que precisava - com muita urgência -, de cortar o cabelo. Lancei uma sondagem no instagram e, mesmo sabendo que já o iria fazer, a sondagem bateu certo... voltei aos caracóis. Os primeiros dias são sempre meio estranhos, para vos ser sincero, mas a par de me dar muito menos trabalho diariamente, também sei que me dá um ar menos pesado. Mudar faz bem e estava mais do que na altura de voltar. Comentei com a Nídia que tinha saudades... e a verdade é que tinha mesmo deste meu lado mais wild and free. 

A aula de ontem - assim como aquela sobre a qual vos falei que havia dado lugar a uma mesa redonda, no início -, foi intensa. O grupo é todo muito distinto e foi necessário uma nova conversa mais séria com o intento de deixarmos as gavetas arrumadas. Nunca ninguém se deu mal, é um facto, mas temos de levar em consideração que todos temos opiniões diferentes que, consequentemente, nos levam a algumas divergências. Não que haja problemas com isso, de todo. Levo um bocadinho de todos eles comigo porque, parecendo que não, estiveram presentes numa das fases mais importantes da minha vida. E isso é o que realmente importa.

Vocês acreditam que quando vesti a sweat, a única peça com a qual eu sabia que queria - mesmo -, conjugar, seria com estas calças?! Não sei. Acho que a minha ideia era a de um look totalmente numa vibe street style e capaz de mostrar o quão possível é brincarmos com a moda. Muito possivelmente poucas pessoas misturariam uma peça tão clássica - quanto umas calças de fato -, com uma sweat da Disney. O que é certo é que não poderia ter ficado mais satisfeito com o resultado final!!

Eu sei. Eu sei que poderia ter arrojado nos óculos... mas assim que vi estes Valentino, não hesitei em deitar-lhes a mão e a elegê-los para este look. Gosto do ar vintage e irreverente. Gosto que sejam de massa e que marquem bem o rosto. Gosto que sejam discretos qb. Conjuguei com uma mala estruturada, para dar um ar mais moderno. Um cinto bordô para quebrar e fazer com que saia da minha zona de conforto dos cintos pretos boring. Por fim, as texanas que não me vão sair tão cedo dos pés... pelo menos até encontrar outras (risos).

Levo o coração cheio, mesmo sabendo que metade de mim fica na capital. Posso estar a parecer melodramático mas só eu sei e só eu consigo sentir o quão orgulhoso estou de toda esta minha evolução e desta que foi a maior e mais intensa jornada da minha vida. Levo mil e uma memórias e levo a esperança de ir voltando e de voltar. Até lá, vou confiar no tempo e nas voltas que a vida dá... porque o que tiver de ser, sê-lo-à no tal tempo certo!

O que acharam do look?